Desde o dia 2 de dezembro, as emissoras de televisão vêm aos poucos migrando suas programações e transmissões para o formato digital.
O que ocorreu à época foi o início somente da chamada “transmissão terrestre” da televisão digital, em que o pacote de dados (áudio, vídeo, interatividade e dados do programa) é enviado diretamente do transmissor (a antena da emissora) para o receptor (a antena e conversor) na casa do usuário.
A novidade que aos poucos já vêm sendo implantada é a transmissão do sinal digital em alta definição por satélite. Neste caso, o sinal sai do transmissor para um satélite, e este reflete o pacote de dados para as antenas parabólicas dos telespectadores.
A vantagem aqui é que se pode ir além das atuais restrições de alcance da TV digital, hoje apenas incipiente em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Na teoria, parabólicas em qualquer região do Brasil podem receber sinal digital.
Mas entre sintonizar este sinal digital e assisti-lo em alta definição existe uma grande diferença. Luiz Rodrigo Openheimer, da Linear, explica que para se ter acesso a conteúdo em alta definição (HD) é necessário que alguns requisitos sejam cumpridos.
A programação nesse caso precisa ter sido gerada e transmitida pela emissora no formato de alta definição e o usuário vai precisar de um receptor de satélite específico para TV digital com saída HDMI; e sua televisão precisa ter entrada para HD.
Esses receptores (espécies de set-top boxes) já podem ser encontrados no mercado. A Zinwell é uma das fabricantes do aparelho.
Importante: Se não for cumprido algum desses requisitos, será até possível sintonizar a programação de TV digital usando uma parabólica, mas isso não significa que ela estará em alta definição. Veja dois casos em que isso pode acontecer:
> o receptor capta o pacote de dados em alta definição mas repassa ao televisor em média ou baixa definição;
> o receptor capta e repassa as informações em HD, mas usamos um televisor analógico.
Das principais emissoras de TV do Brasil (canais abertos), as únicas que já fazem esse tipo de transmissão são Rede TV! e Band.
A Rede Globo ainda faz testes com esta modalidade de transmissão, mas de uma maneira diferente. O sinal é enviado de forma codificada para o satélite e, em vez de ir direto para as casas dos espectadores, é enviado para as afiliadas da emissora. Estas decodificam o sinal e o retransmitem para as casas pelo modo “terrestre”.
Mas afinal, o que diferencia as duas modalidades de transmisssão? Band e Rede TV! têm uma programação unificada para todo o Brasil, ou seja, todos os brasileiros assistirão à mesma grade usando parabólica.
As afiliadas da Globo, por sua vez terão autonomia para regionalizar a programação, já que haverá esta retransmissão. Comerciais e programas locais poderão ser especificados.
Luciano Mendes, do Inatel, aponta um problema atual de uma eventual opção pela TV digital nas parabólicas. Hoje, quem quiser aderir, terá acesso a apenas esses poucos canais digitais, pois a programação analógica não irá pegar. Para assistir aos outros canais, será necessário retornar para o modo analógico.
Isso deve manter lenta a adoção da TV digital parabólica por enquanto, segundo Mendes. “Enquanto não houver uma solução única de todos os canais digitais, não haverá grande migração para a transmissão por satélite”, diz.
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